quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ética? Isso é de comer?

Definitivamente 2008 foi o ano dos grandes espetáculos, e não foi o do “Cirque Du Soleil”, mas da mídia brasileira, ou melhor, da imprensa. Os comunicadores sociais, aqueles que deveriam formar e informar, agora deforma e aliena a população, e não satisfeitos conseguiram destruir os Códigos de Ética.


Após o caso Isabella Nardoni, agredida e arremessada do 6º andar de um prédio de classe média alta, e do caso dos irmãos João Vitor e Igor que foram asfixiados, queimados, esquartejados e jogados no lixo, surge o caso da jovem Eloá. Poderia ter sido mais um caso de cárcere privado com o acréscimo passional, terminando tragicamente ou não, mas a imprensa tinha sede de notícias, estava completamente desesperada “caçando assunto”, de maneira alguma perderia a oportunidade de relatar cada segundo do que se tornaria o maior caso cárcere privado da história de São Paulo.


Em outubro o “Brasil” acompanhou o caso da jovem Eloá, que contava 15 anos e foi mantida refém em sua própria casa por mais de 100 horas em Santo André- SP, por seu ex- namorado Lindemberg. Infelizmente o desfecho foi a morte da garota, que levou um tiro na cabeça, teve coma irreversível e por fim morte cerebral. Mas que culpa tem a mídia nesse caso? E onde entra a responsabilidade social da imprensa em um caso de grande repercussão como o de Eloá?


Segundo o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros Art. 7º/ IV o jornalista não deve expor pessoas ameaçadas, exploradas ou sob risco de vida, sendo vedada a sua identificação, mesmo que parcial, pela voz, traços físicos, indicação de locais de trabalho ou residência, ou quaisquer outros sinais. Os jornalistas não só montaram plantão em frente a residência da garota expondo imagens dela e da amiga, como passaram a exercer profissão de psicólogos, psiquiatras, policiais, advogados e até negociadores. Por exemplo, Luiz Guerra, repórter da Sonia Abrão do programa “A tarde é Sua” da Rede TV fez entrevista com Lindemberg, o “bom moço” via telefone, quando ele ainda mantinha Eloá como refém.


O jornalista não pode divulgar informações de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes segundo o Código de Ética Jornalística Art. 11º/II, e o que fizeram as emissoras? Rede Record, Rede Globo e principalmente Rede TV foram responsáveis pelos piores disparates. Conversaram com Lindemberg pedindo para que movimentasse a janela do banheiro, para dar tchau, e até congestionaram o telefone que era para contato dele com os negociadores de verdade para fazer entrevista com o desvairado.


A negociação foi extremamente prejudicada, sem dúvida. Quando o caso teve seu desfecho, os meios de comunicação acusaram incompetência policial, mas quem foi que congestionou as linhas? Quem deu crédito ao sujeito apaixonado? Quem foi que tinha câmeras ligadas 24 horas por dia em frente a residência de Eloá para não perder nenhuma movimentação da polícia ou dos personagens da história? Quem parava qualquer tipo de programa para dar exclusivas a respeito do caso?


Quem matou Eloá? Lindemberg por ter atirado; os pais de Eloá por permitir que ela namorasse tão cedo com um rapaz mais velho; o pai de Eloá por no passado ser um exterminador, fazendo assim cair uma maldição sobre sua família; a polícia por ter ele na mira diversas vezes mas por proteger o criminoso, fazendo um inocente “pagar o pato”; a imprensa por interferir no trabalho de outros, colocando inocentes em risco para se auto promover.


Ética? Isso é de comer?

P.S: qual vai ser o próximo caso para ser discutido em ônibus, bares, em casa, na faculdade, na aula da dança, na aula de idiomas, na aula de informatica, no youtube, nos blogs, na televisão- a mãe do sensacionalismo!
Acho que já tiraram vantagem do sofrimento alheio pelo resto da vida!!


P.S 2- Antes tarde do que nunca para falar a respeito disso...sou do contra, só falo quando as discussões diminuem.


Até loguinho amigos invisíveis!!!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Queria por um momento ser o vento...


O vento segue o rumo que quer
Não se apega a coisas terrenas
Se fica nervoso não tenta esconder
Não vive de sentimentalismo barato

O vento não espera caridade das pessoas
O vento não fica para ver os desastres
Não ouve ninguém reclamar
Também não fica para escutar

O vento é que é feliz
Não precisa dormir e sonhar
Ele faz as coisas acontecerem
Pode estar em qualquer lugar

O vento não ouve sermão
O vento não vai a escola
O vento não precisa se enturmar
É apenas ele, por ele, para ele.

Ele não cansa da monotonia
Pois cada dia é um novo dia
Ele é verdadeiro, transparente
Ninguém o vê, mas todos os sentem.


O vento é bravo, calmo
Verdadeiro, mentiroso
Ele é da maneira que quer ser
Não vive de interpretação
O vento não precisa surpreender ninguém
O vento é apenas ele mesmo
O vento que é feliz
O vento é LIVRE!!!

Queria por um momento ser o vento....